O tema “Passadiços do Paiva” tem dado pano para mangas praticamente desde o dia em que este equipamento turístico foi inaugurado.
Um percurso pedestre sobre as margens do rio Paiva que inicialmente se esperava que fosse destinado apenas para um segmento restrito de turistas apaixonado pela natureza, rapidamente se tornou num fenómeno de massas e de peregrinação de visitantes de todos os pontos do país e do estrangeiro.
Foi motivo de múltiplas reportagens jornalísticas e de cenário de inúmeras selfies de famosos do panorama mediático cor-de-rosa nacional.
Estavam lançadas as bases para a “Eurodisney” de Arouca, a que se juntaria anos mais tarde a polémica ponte suspensa para enfeitar o ramalhete.
Como referi já algumas vezes neste espaço, continuo a reafirmar e cada vez com maior veemência que a ponte suspensa, de que nunca tive a curiosidade e o interesse de percorrer, apesar de alguns convites para o fazer, é um “elefante branco” com graves e irreversíveis prejuízos para a paisagem natural onde se encontra implantada e para o erário municipal!…
Mas voltando aos “Passadiços”, na sua ainda curta vida já foram pasto de quatro incêndios, três dos quais com elevados prejuízos, sendo que o último ocorreu em Setembro do ano passado.
Infelizmente a situação não irá ficar por aqui, dadas as suas características físicas (madeira) e a proximidade a locais de grande sensibilidade a fogos florestais!…
Enquanto isso, vai-se periodicamente procedendo a onerosas reparações provocadas pelos fogos florestais, como a que se encontra neste momento a realizar, em que quase um quilómetro daquele percurso foi destruído pela fúria das chamas.
Esta última empreitada configura uma situação que deveria ser cabalmente esclarecida para evitar qualquer tipo de suspeições sobre a lisura do seu processo de reconstrução.
É que questionada na Assembleia Municipal, imediatamente a seguir ao incêndio de Setembro, por um deputado da oposição sobre quem iria assumir a factura da reconstrução da parte destruída pelas chamas, Margarida Belém afirmou peremptoriamente que esse encargo caberia ao seguro que a autarquia tinha contratado para os Passadiços. Seria a seguradora a pagar a factura.
Quatro meses depois, ficamos a saber através de uma reportagem emitida pela estação televisiva SIC sobre as obras de reconstrução dos Passadiços, que o custo daquela empreitada é de 215 mil euros, a ser paga por um fundo governamental!… Ou seja, dinheiro público.
Perante esta dúbia situação, coloco as seguintes dúvidas/questões: Então afinal a autarquia não tinha um seguro para “segurar” os Passadiços? Que tipo de cobertura tem esse seguro? Quanto paga por ano a Câmara à seguradora pela respectiva apólice dos Passadiços? A presidente da autarquia deu uma informação falsa à Assembleia Municipal?
A Câmara Municipal, que emite comunicados sobre tudo e mais alguma coisa, porque não esclareceu esta situação e nada “comunicou” sobre o custo e as fontes de financiamento daquelas obras?
Responda quem souber, porque a situação não se afigura muito normal nem, à primeira vista, muito transparente, com alguns rabos de palha escondidos!…
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Vai-se lendo e ouvindo na comunicação social nacional a apresentação de candidatos às eleições autárquicas de diversos municípios portugueses, que terão lugar a 28 de Setembro ou 5 de Outubro deste ano.
Por Arouca, o silêncio tem sido a palavra de ordem de todos os partidos políticos, um silêncio que começa a ser ensurdecedor!…
Espera-se que os diferentes partidos apostem em figuras com curriculum profissional e visão estratégica e que possam ser efectivamente uma mais-valia para o desenvolvimento do município de Arouca.
Todos sabemos que a imagem dos políticos e dos autarcas junto do eleitorado não é a mais positiva, daí o cada vez maior afastamento de pessoas com capacidade e notoriedade para embarcar na aventura autárquica, o que deixa espaço livre para o ingresso dos medíocres, dos avençados e de personagens menores desta vida na política municipal!…
Por isso, mais do que nunca, os partidos devem procurar, sei que é difícil mas não é impossível, arouquenses com gabarito e provas dadas nas suas profissões para que possam dar um novo rumo ao nosso território, um virar de página como aquele que aconteceu em 1993 e que já não tem nada a ver com a realidade actual, subsistindo apenas a sigla no boletim de voto!…
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São inúmeras as queixas que diariamente chegam à nossa redacção sobre o péssimo serviço prestado na distribuição postal pelos CTT aos seus clientes.
Creio que não haverá nenhum arouquense que já não tenha sentido na pele os inexplicáveis e muitas vezes dolorosos atrasos na entrega de correspondência aos destinatários.
Também alguns assinantes do RODA VIVA têm sofrido com os atrasos na entrega do jornal no concelho, apesar de cumprirmos religiosamente os compromissos financeiros com a empresa postal. Mesmo com as reclamações que temos vindo a efectuar junto dos CTT, a verdade é que o serviço teima em não ser o mais cumpridor, apesar do esforço dos seus colaboradores no terreno.
A privatização dos CTT agravou em muito a qualidade do serviço prestado aos arouquenses e aos portugueses em geral, porque, infelizmente, os relatos de longos atrasos na entrega de correspondência são uma “chaga” nacional. Até quando? (foto: Avelino Vieira)