Páscoa, festa da vida!

É Primavera! Um sol esplendoroso ilumina e aquece os dias. Árvores pletóricas de vida animam a nossa paisagem. O canto das aves ecoa por montes e vales.  As águas espraiam-se pressurosas pelos regatos.  Esta explosão de vida – de cores, de sons e de aromas- comunica-nos uma energia renovada.  É a Primavera, chegou a Páscoa, a Festa da Vida.

A nossa vida é uma páscoa: uma passagem, um percurso com rota inscrita.  Quem tem dúvidas abra o livro quer o da história pessoal, quer o da história global.   

Reflecte, a propósito, o filósofo Wittgenstein: “Que sei eu sobre (…)  o sentido da vida? Sei que este mundo existe, que estou nele como o meu olho no seu campo visual; sei que algo nele é problemático, isto é, aquilo que chamamos o seu sentido; sei que este sentido não reside nele, mas fora dele… Ao sentido da vida, ao sentido do mundo, podemos chamar Deus.  Crer em Deus significa compreender a pergunta pelo sentido da vida… Crer em Deus significa ver que a vida tem um sentido”.

Há uma” crise de sentido” ou uma “banalização do mal” inoculada por agentes poderosos neste nosso mundo. Chovem bombas e mísseis arrasando povoações e massacrando cidadãos na Ucrânia, na Palestina, no Sudão…  Um governante, que “nenhum deus transformará em flor”, põe o mundo em sobressalto com planos disruptivos que impõe ao mundo inteiro. Mergulhados num consumismo, que nos pode embrutecer, alienados com propostas que nos acenam com amanhãs que cantam, vamos passando os dias como se a vida não fosse uma páscoa, uma passagem, um percurso com rota inscrita.

Quando descia do monte da Transfiguração, Jesus ordenou aos discípulos que não contassem a ninguém o que tinham visto até que “o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos”. Os discípulos indagavam entre si o que quereria dizer aquilo de ressuscitar dos mortos (Marc.9.8-10). Cálculo eu que da indagação dos discípulos não tenha resultado grande coisa até ao dia em que, após a Paixão, se fez luz e eles puderam experimentar que Jesus continuava misteriosamente vivo, presente, transformando as suas vidas. A força desta convicção levou um dentre eles a testemunhar: ‘Ele ressuscitou, sabemos e sentimos que Ele ressuscitou; não é vã a nossa fé, não andamos enganados, sabemos, sentimos, que Ele ressuscitou’.

A Ressurreição de Jesus, manifestação e fruto do amor imenso de Deus pela Criação, é proposta de sentido para as nossas vidas, como para toda a Criação. Nem a morte, nem o fracasso, nem a destruição, têm a última palavra. Não são realidades definitivas porque serão transformadas e superadas. “A morte é uma irmã que não aniquila, mas introduz na verdadeira vida”, confessa o Papa Francisco.

“O mistério da Ressurreição, escreve Tomás Halik, não pode ser entendido apenas como um acontecimento que tivesse ocorrido no passado, como se Jesus fosse apenas uma entre tantas figuras cuja vida a história regista. Além de uma Criação contínua, podemos também falar de uma Ressurreição continua. Assim, toda a vida de Jesus, a sua paixão, morte, ressurreição, continuam, atualizam-se e são celebradas, na vida de cada crente”. Compreendemos, então, que na vida de cada crente se completa o que “faltou” à vida de Jesus! Quem o diz é um dos seus mais notáveis seguidores: Paulo de Tarso.

Na esperança que não engana, vivamos a Páscoa na família, no convívio com os amigos, na fruição do esplendor da Natureza, que nos acena com a bondade do Criador. Porque é Páscoa, a Festa da Vida, porque Jesus é o Vivente que renova todas as coisas. A. Teixeira Coelho 

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