Liberdade

Abril é um mês muito importante para mim. É um mês de aniversários no seio familiar, mas é, sobretudo, o mês da liberdade! Somos livres porque muitos portugueses – entre os quais familiares e amigos – lutaram no passado (não muito distante) pela liberdade. Se vos escrevo algumas palavras todos os meses, é devido à luta incessante e dura contra a ditadura. Não fosse o 25 de Abril de 1974, e talvez eu estivesse hoje numa prisão qualquer, dado o meu lado revolucionário. Sim, porque muitas mulheres também foram presas, apesar de pouco se abordar o tema.

Mais de 300 mulheres foram presas e torturadas só na prisão de Caxias. Odete Santos foi presa pela PIDE estando grávida, tendo o seu filho nascido na prisão. Maria Teresa Horta, poetisa, escritora e jornalista, foi presa por escrever o livro Novas Cartas Portuguesas.

Só em Peniche, entre 1934 e 1974, foram presos e torturados pela PIDE mais de 2500 homens. Mais de 2500 famílias sofreram diariamente. Muitas crianças foram privadas de crescer com a mãe ou com o pai, por se encontrarem presos – não por serem criminosos, mas apenas porque se opunham à ideologia fascista.

Estudantes universitários sofreram represálias, incluindo prisão, por organizarem protestos a favor da democracia e da liberdade de expressão, distribuírem panfletos informativos, estarem associados a grupos políticos ou por se oporem à guerra colonial. Muitos foram presos e torturados, impedidos de continuar os estudos; outros foram enviados para a guerra colonial. Jovens impedidos de serem livres e de seguirem os seus sonhos. “O sonho comanda a vida” – a estes e a outros jovens, foi-lhes tirada a vida. E não apenas no sentido literal. A 12 de outubro de 1972, José Ribeiro Santos, um jovem de 26 anos, foi morto a tiro pela PIDE durante uma assembleia de estudantes contra a repressão.

Não fosse a Revolução de Abril, e quantos de nós estariam hoje presos ou seriam torturados por publicar ou “gostar” de algo que fosse contra o regime?

E há ainda, nos dias de hoje, partidos políticos que se recusam a comemorar o 25 de Abril, sendo contra a liberdade. Pensemos nisto e naquilo que queremos para o nosso futuro. A democracia não é um dado adquirido – exige reflexão e ação de todos nós, se a quisermos manter. Lutemos todos, se quisermos continuar a viver em liberdade.

VIVA A LIBERDADE.

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