O RODA VIVA atinge esta semana, a 13 de Julho, mais uma data redonda (35 anos) nesta sua caminhada pela informação do concelho de Arouca e dos arouquenses, numa altura em que a imprensa escrita atravessa uma profunda crise, motivada em grande parte pela massiva migração de leitores e anunciantes para o mundo digital, quer seja através das edições ‘on-line’ dos órgãos de comunicação social, quer para as redes sociais a eles associadas.
Nos últimos tempos tem sido quase notícia diária, nos media de âmbito nacional, o forte declínio comercial e laboral que se tem abatido sobre diversos títulos históricos da imprensa escrita, como são exemplos os diários generalistas JN e DN, mas também da revista semanal “Visão”. As nuvens negras que vinham ameaçando a imprensa há vários anos, instalaram-se definitivamente após a pandemia e parece que a situação é, infelizmente, irreversível.
Também a imprensa regional tradicional tem sofrido com esta mudança de paradigma, com o digital (telemóvel, ‘tablet’ ou computador) a ser já o exclusivo dos mais jovens na procura de notícias, e a ganhar cada vez mais adeptos junto da restante população, o que deixa a clássica edição em papel em situação muito deficitária, senão mesmo moribunda.
São muitos os jornais regionais a diminuir a periodicidade das suas edições impressas, pois os elevados custos associados não permitem grande aventuras num mercado que se tornou muito débil nos últimos anos. Este panorama pouco animador não é apenas um exclusivo português, em todo mundo as edições digitais estão a substituir as edições impressas, ou em alguns casos, a provocar uma redução em grande escala das tiragens dos jornais, o que as torna economicamente inviáveis.
Perante este quadro frio e realista, o RODA VIVA, paralelamente à edição impressa, tem apostado e investido na sua edição digital, totalmente renovada em Março deste ano. Estamos no digital desde 2007 e temos vindo assistir ao longo dos anos a um aumento exponencial de leitores nessa plataforma espalhados pelos quatro cantos do mundo, e à procura cada vez maior de anunciantes para ali publicitar os seus negócios ou serviços.
Temos plena consciência da situação actual do sector da comunicação social regional e temos vindo a tomar um conjunto de medidas para nos adaptarmos aos novos tempos que se avizinham. Nesse sentido, estamos a desencadear diversas alterações na estrutura do jornal que esperamos estarem concluídas até ao final de 2024.
Neste momento, o RODA VIVA é o único jornal com ‘ADN’ totalmente arouquense, depois dos encerramentos nas últimas décadas da histórica Defesa de Arouca e do Jornal de Arouca, já para não falar do Jornal Jovem de Alvarenga e do Cruz de Malta (Rossas).
Sabemos bem a responsabilidade que temos em cima dos ombros, a empatia que uma grande parte dos arouquenses nutre pelo nosso jornal, mas também sabemos que os tempos hoje são outros e que os desafios são imensos.
A equipa que faz o RODA VIVA ao longo destas três décadas e meia sempre foi totalmente voluntária, apenas e só a grande paixão por Arouca a move, bem como os inúmeros colaboradores que ao longo desta caminhada têm participado nesta missão cívica.
Mas para que o jornal tenha chegado a este invejável porto com a independência e credibilidade reconhecida, tem sido fundamental o apoio desde a primeira hora (13 de Julho de 1989) dos nossos anunciantes e parceiros comerciais, alguns dos quais praticamente desde a fundação, atitude que jamais esqueceremos.
No meu caso, fazer jornalismo e docência em simultâneo ao longo de mais de três décadas tem sido uma experiência humana e social sem preço, e hoje com 54 anos de vida, duas filhas jovens adultas, sinto-me um ser humano mais realizado, mas também cada vez mais inquieto em relação ao futuro da Humanidade.
(texto publicado na edição impressa de 2024.07.11)