Desperte-se enquanto é tempo!

Nos últimos anos, o nosso Município tem afectado boa parte dos seus esforços e recursos à remodelação do já feito, muitas vezes justificadamente, mas não raro com manifesto privilégio do “impactante” em detrimento do mais seguro e eficiente e, por vezes, desvirtuando mesmo, de modo irreversível, o existente. Exemplos desses esforços, entre muitos outros, ocorreram no Complexo Desportivo Municipal (Estádio e Piscinas Municipais), nas Zonas Industriais, na antiga Praça Brandão de Vasconcelos, no acesso pedonal da Escola Secundária à via pública, no pequeno troço, pouco tempo antes intervencionado, da Avenida 25 de Abril, entre a Rotunda e o entroncamento com a Rua António de Almeida Brandão e na Alameda D. Domingos de Pinho Brandão. Aludindo, por exemplo, a estes três últimos, há que dizer: o novo acesso pedonal da Escola Secundária à via pública, bem mais vistoso, é certo, que o anterior, transformou o trânsito, nesse local da Avenida 25 de Abril, nas horas de entrada e saída da Escola, em inusitado pandemónio; a redução do troço da mesma Avenida, junto à rotunda, no sentido ascendente, de duas para uma só faixa de rodagem, solução, certamente, do ponto de vista arquitetónico mais harmoniosa que a anterior, levou a que, diariamente, nas “horas de ponta”, e não só, sem outra justificação numa terra como a nossa, aí se formem arreliadoras e evitáveis filas de trânsito; na Alameda, o alargamento desmesurado e desnecessário dos passeios e a consequente redução da via de trânsito, que tiveram como justificação, entre outras, tornar impossível o estacionamento indevido do lado direito dessa via, agora mais apertada, situação, essa, de estacionamento que, contudo, mesmo com os sinais de proibição aí existentes, mas com a habitual falta de fiscalização, continua a verificar-se diária, sistemática e ostensivamente, dificultando, dado o aperto da via, e, em certos casos, obstruindo mesmo, o trânsito e dando, a quem nos visita, uma imagem degradante e nada consentânea com as presentes exigências do Município. Nessa senda, por vezes, como se vê, menos sensata, de refazer, ou mesmo destruir o que está feito, programa-se, ou planeia-se agora, como acções  ditas “estratégicas”, por pressão de uns e conformada anuência ou adesão de outros, construir um mastodôntico, para o local, edifício, no harmonioso espaço verde público, no centro norte da nossa vila recém-alargada, espaço esse, que pretendem truncar, que é simultaneamente ambiental, de lazer, recreio, desporto, aprendizagem e convívio, de crianças, de jovens e de menos jovens, simbolicamente denominado como Parque do Milénio, e que foi maduramente planeado, em P.U., nos seus limites e enquadramento, no tempo de Presidência do professor Brandão de Almeida, sendo, após, parte dos terrenos, para o efeito, adquiridos no tempo do Presidente Zeferino Brandão e adquiridos os restantes e realizadas as obras pelas Câmaras lideradas pelos dois presidentes seguintes, e outro edifício, para apartamentos, dizem de “escala e impacto” (e, quem sabe, exemplo e porta aberta para outros futuros do género) por ser talvez, também, mastodôntico para a contida e invejável escala da nossa Vila, noutro espaço do Município, na contiguidade do anterior, actualmente afecto a estacionamento, e para o qual, há cerca de 20 anos, foi esboçado o  estudo prévio e ponderada a construção do necessário Arquivo Municipal, convenientemente separado dos Paços do Concelho, e da também precisa “Casa das Associações”.

As duas intervenções programadas, truncando a primeira grande parte do Parque do Milénio, e sobrecarregando ambas, incomportavelmente, as áreas da localização e as envolventes, se realizadas, causariam prejuízos e inconvenientes bem mais gravosos, difícil ou impossivelmente reversíveis, que os dos três exemplos atrás apontados. Impõe-se, por isso, aprofundada ponderação, sobre o assunto, e, enquanto é tempo, arrepiar caminho, tendo, para além do mais, em conta que há, em espaços abertos, nas imediações, terrenos livres e mais adequados para as acções pretendidas.

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