Aproveitando o dia de São Martinho, escrevo sobre o castanheiro e a potencialidade para certas áreas percorridas por incêndios. O castanheiro pode ser cultivado para a produção de fruto e madeira, sendo uma das espécies folhosas com mais rápido crescimento. Além destes produtos, desempenha serviços de ecossistema, que no futuro, podem ser valorizados, como o sequestro de carbono, a protecção de solos e a protecção dos sistemas hídricos. Outro dos produtos pouco valorizados são os cogumelos.
O castanheiro cresce bem em quase todos os solos férteis do concelho de Arouca, tendo o cuidado de se evitarem os solos excessivamente encharcados. Na plantação, o distanciamento mínimo entre árvores para produção de castanha deverá ser 8 metros, com a distribuição em losango para melhor aproveitamento do espaço. Uma vez que um dos principais problemas do castanheiro é a doença da tinta (Phytophthora cinnamomi), ao nível radicular, aconselha-se a plantação de porta-enxertos híbridos resistentes à doença da tinta que permitem evitar a morte das plantas. Os dois porta-enxertos mais indicados e que têm boa afinidade com as nossas variedades são o ColUTAD e o Ca90. Além da resistência à doença da tinta, uma vez que são menos vigorosos, darão origem a árvores de menor dimensão do que os nossos castanheiros bravos de origem europeia.
É importante privilegiarmos as nossas variedades portuguesas, com destaque para a amarelal e a martainha, que nos permitem lutar contra a invasão da castanha chinesa e chilena. Neste momento, o Chile produz castanha de variedades europeias, de boa qualidade, que exporta para a europa a preços mais baixos. Com a Itália a dominar o mercado mundial de castanha, até com a importação do Chile, que é armazenada em frio e disponibilizada aos consumidores no início da época de consumo. Este procedimento está a levantar problemas graves de escoamento da castanha temporã, a chamada castanha híbrida, como por exemplo a Bouche de Betizac. Perante isto, não enxertem castanheiros com as variedades temporãs híbridas, mas sim com as nossas variedades portuguesas.
Outra recomendação diz respeito à conservação da castanha pós colheita, e que permite o consumo de castanha durante mais tempo. A castanha não é um fruto seco, sendo este erro crucial na sua conservação, uma vez que a água é o elemento presente em maior quantidade nas castanhas e a sua perda rapidamente causa a sua depreciação. A castanha deve ser conservada em frio (2oC), logo após a colheita e de forma a evitar que os fungos proliferem e causem podridões castanhas. A castanha não deve ser seca ao sol, porque assim vai ajudar a aparecer a podridão dentro da castanha.
Porque a informação não se esgota neste artigo, os leitores que desejem aprofundar alguns aspectos podem endereçar as questões através do correio electrónico: pquaresma.arouca@gmail.com.