Assinalaram-se no dia 12 de Dezembro do ano passado o 48º aniversário das primeiras eleições autárquicas. Pela primeira vez as populações tiveram a oportunidade de eleger os seus governantes locais através de sufrágio universal.
Foi um dia marcante para o poder autárquico que se tem afirmado ao longo das décadas como uma importante alavanca do desenvolvimento regional em diversas áreas.
Nessas eleições realizadas no já longínquo ano de 1976, o PPD/PSD liderado por Zeferino Brandão venceu de forma categórica, deixando para trás o CDS (dois vereadores) e o Partido Socialista com apenas um representante no executivo municipal. O PSD governou a autarquia até 1993, ano em que o PS, coligado com o movimento PDA, liderado pelo independente Armando Zola, destronaria o partido laranja do executivo camarário.
Gostaria de acrescentar umas breves notas: Nas eleições autárquicas de 1989 o PSD ganhou as eleições já sem maioria absoluta e teve necessidade de se aliar ao CDS para poder governar sem sobressalto a autarquia. A perda da hegemonia autárquica do PSD tem várias explicações, umas por mérito da oposição – e aqui Armando Zola e o seu movimento independente tiveram um papel decisivo no desgaste da governação social-democrata – outras razões por demérito do PSD, que geria confortavelmente a autarquia desde 1976 e por excesso de confiança, com vários erros e “escândalos” (ligados a cursos de formação financiados pelo Fundo Social Europeu organizados na altura em Arouca) e o descontrolo das finanças da autarquia, levaram ao enfraquecimento e perda de credibilidade de algumas das principais figuras de proa do partido na altura.
Por isso, foi sem grande surpresa que a autarquia virou à esquerda no combate eleitoral de 1993, encabeçada por Zola. Apesar do PSD continuar a ganhar sucessivamente todas as eleições de âmbito nacional, a verdade é que a autarquia manteve-se de pedra e cal nas hostes socialistas.
Daqui a nove meses os arouquenses vão ser chamados a escolher os seus autarcas para o próximo quadriénio, altura que vai coincidir com a celebração dos cinquenta anos da implantação do poder local, efeméride que deveria ser devidamente assinalada.
Nos próximos tempos, a temperatura política local vai aumentar de forma exponencial com oposição e poder a tentar mostrar os méritos e as fraquezas de ambas as partes.
Espera-se que não se registem golpes baixos dos lados em contenda, porque o eleitorado não perdoaria tais atitudes!…
O eleitor arouquense espera que os agentes políticos de todos os quadrantes saibam estar à altura dos desafios que vão ter pela frente e que não olhem para a autarquia como um fim último para as suas vidas privadas e profissionais…
Arouca e os arouquenses devem estar sempre, mas sempre, em primeiro lugar na agenda política de qualquer partido político e de qualquer autarca, porque só assim se dignifica o poder local livre e autónomo que tanto custou a muitos portugueses a erguer.
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Realizou-se no penúltimo dia do ano a Assembleia Municipal com uma ordem de trabalhos bastante alargada. Da sessão, que teve momentos bastante quentes, destaca-se a aprovação in extremis (apenas mais um voto a favor) da segunda revisão do PDM, que motivou uma discussão acalorada durante a sua apresentação.
Quanto à votação do Orçamento para 2025, aqui também Margarida Belém engoliu em seco com os votos “incómodos” de dois autarcas da sua família política – abstenção (presidente da JF Alvarenga) e voto contra (presidente da JF Albergaria da Serra e Cabreiros) – curiosamente ambos em fim de mandato, não podendo recandidatar-se…
Mais uma vez uma comitiva de cidadãos da freguesia de Tropeço fizeram ouvir a sua voz no momento dedicado aos munícipes, deixando, em algumas intervenções, as orelhas da presidente da autarquia a arder.
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Saiu no final do ano o ranking das 1500 maiores empresas do distrito de Aveiro, trabalho levado a cabo pelo jornal Diário de Aveiro.
No que ao concelho de Arouca diz respeito, as alterações no topo da classificação foram pouco significativas, mantendo-se em primeiro lugar a empresa A. Pimenta Construções, seguida no pódio pela tecnológica “Bluetooth”, do arouquense Dominique Fernandes radicado em terras gaulesas, e da Construções Carlos Pinho.
A Loja Agrícola (Avirecria), empresa de Nabais (Escariz), com várias filiais na região, liderada por Luís Pinho, ocupa o quarto lugar, subindo dois lugares na classificação em relação ao último escalonamento.
De salientar ainda que os sectores da construção civil e metalomecânica-metalúrgico são aqueles que ocupam os principais lugares no ranking concelhio, além de empregarem o maior número de trabalhadores.
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Duas notas finais a terminar: a primeira vai para a jovem Raquel Pinho, da freguesia de Mansores, que recebeu as insígnias de árbitra assistente da FIFA, depois de um percurso ascendente na arbitragem nacional, onde se afirmou pelo rigor e isenção.
Parabéns à nova árbitra assistente internacional!
A fechar, a minha indignação pela situação indecorosa em que se encontra a Ecovia do Arda, no troço da Ribeira (Tropeço) com fezes espalhadas em plena ecovia, além de outro tipo de dejectos que em nada dignificam e publicitam aquele percurso terrestre. Sem deixar de lamentar a falta de civismo e o vandalismo de alguns utilizadores, a ausência de equipamentos sanitários ao longo do percurso não deveria ter feito parte do caderno de encargos daquele equipamento?
Bom ano de 2025 a todos os leitores!