Santa Eulália: Convívio dos ex-alunos da escola do Pêgo

Vivemos tempos complexos marcados pelo individualismo, pela fragmentação dos relacionamentos, seja no interior das famílias, seja no mundo do trabalho, seja no tecido social em que estamos inseridos.

Certamente por tudo isto é hoje cada vez mais forte a necessidade sentida de recuperar e cultivar as redes das relações sociais forjadas – fora dos teclados – nos tempos em que experimentávamos a convivência sadia e modelámos, em larga medida, a nossa personalidade. 

É questão de sobrevivência mental, mas não só, diz quem sabe e a gente confirma. Não é saudável viver isolado, ninguém pode prescindir dos outros por muito tempo, por mais que se feche no seu casulo, na sua bolha, no reduto da sua egolatria. Mais cedo que tarde, lá surgirão as psicoses, a agressividade, o destempero nas relações, o azedume, a existência avinagrada.

Vai daí, um grupo de “jovens” da nossa praça lançou, através dos jornais, a proposta de um encontro a colegas que frequentaram a escola do Pêgo, em Santa Eulália, lá pelas décadas de quarenta, cinquenta e sessenta do século passado.

Foi um espanto a redescoberta mútua, partilhada, de tantas fisionomias, umas mais cinzeladas pela vida, outras nem tanto, mas todas expressivas de uma surpresa contida e indagadora, aberta e feliz.

Era o apelo das raízes. Cada um sentia-se ali remoçar, ancorado nos alicerces sobre os quais construiu muito do edifício da sua existência.  “Nada nos mantém tão seguros como a profundidade das nossas raízes”.

Após momento de mútuas descobertas, seguimos para a igreja paroquial de Santa Eulália, onde numa celebração da missa, que procurámos fosse mais do que número do programa, agradecemos o dom da vida e recordámos com saudade e homenagem os colegas que nos precederam na caminhada do tempo. 

Após a celebração, o Pároco brindou-nos com uma explicação esclarecedora das “obras jubilares em curso na igreja paroquial”, onde muitos, se não todos, fomos baptizados, ‘naquele tempo’. Foi uma delícia acompanhar a exposição do Padre Zé Pedro, de tão rigorosa e bem documentada, ajudando-nos a descobrir meandros da construção do templo que os antepassados foram modelando ao sabor dos seus gostos e sensibilidades. “Quem preserva o legado dos antepassados constrói o futuro”.

E daqui fomos para o almoço, momento sempre propício ao convívio solto, franco e espontâneo. O objectivo da refeição era também ser a oportunidade de sentirmos o prazer de estarmos juntos à volta da mesa. Houve ainda um tempo – escasso infelizmente – para, já no lavar dos cestos, renovarmos o apelo às raízes. Quando esquecemos a matriz da nossa identidade, de onde viemos, perdemos a noção de quem somos e do lugar para onde vamos; no dia em que perdermos as nossas raízes mais profundas ficamos à mercê do vento e das tempestades; no dia em que renegarmos aquilo que nos sustenta, tornamo-nos mais frágeis.

A sensação que nos percorria na hora da despedida era a de que, mesmo que seja amparados numa bengala protectora, devemos vir a estes encontros para darmos livre curso ao convívio e na alegria e na amizade partilhada estreitar laços de amizade. A. Teixeira Coelho 

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