Arouca viveu nos últimos meses um período de grande agitação político-partidária, na sequência das eleições autárquicas que tiveram lugar no dia 12 de Outubro. Numas eleições fortemente equilibradas, o desfecho final acabou por não surpreender os eleitores, apesar da magra vantagem obtida por Margarida Belém, que entrou no terceiro e último mandato autárquico.
Para além do executivo camarário, a eleição do presidente da Assembleia Municipal também estava revestida de algum suspense, uma vez que apesar de ter ganho nas urnas, a coligação de centro-direita teria ainda que enfrentar o “teste do algodão” na eleição da mesa daquele órgão aquando da tomada de posse dos novos autarcas. E neste sufrágio também seriam eleitores todos os presidentes de freguesia e os dois estreantes deputados municipais eleitos pelo Chega.
Chegado o momento da contagem dos votos, a vitória sorriu ao candidato do PS, Afonso Portugal, pela diferença mínima (19-18).
Esta situação já não é novidade, no entanto, continua a provocar alguma urticária junto dos elementos do partido vencedor nas urnas que depois é derrotado na eleição da mesa da Assembleia Municipal.
Ainda sobre os novos protagonistas políticos locais, assistimos a um forte renovação de rostos nos executivos das freguesias. Das dezasseis freguesias que compõem o município de Arouca, nove têm novos presidentes: Alvarenga, Fermedo, Canelas-Espiunca, Moldes, Santa Eulália, São Miguel do Mato, Várzea, Cabreiros-Albergaria da Serra e Covelo de Paivó-Janarde.
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Os dois icónicos símbolos do turismo de Arouca – Passadiços do Paiva e Ponte Suspensa – continuam a conquistar prémios e nomeações nacionais e internacionais.
Já tudo se disse sobre estes prémios, alguns deles principescamente pagos pela autarquia, mas como se dizia há uns anos na gíria popular sobre um conhecido medicamento, “o Melhoral não faz bem nem faz mal”… O mesmo também se pode aplicar a estas sucessivas menções, “não fazem bem nem mal” à melhoria efectiva do nível de vida da esmagadora maioria da população do território, beneficiando apenas um nicho muito reduzido de empresários ligados ao sector turístico que contribui com escassas contrapartidas para o bem da comunidade!…
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Arouca tem perdido população nos últimos anos e se nada for feito para estancar esta hemorragia, num futuro não muito longínquo, a situação agravar-se-á a níveis muito preocupantes, onde predominará uma população envelhecida, à semelhança do que acontece em vários municípios portugueses do interior.
Por isso, há que tomar medidas em várias frentes para inverter esta situação e já aqui recordamos uma medida simples e que não onera de forma significativa o erário municipal e poderá ser um estímulo para muitos jovens casais. Estou a falar dos incentivos pecuniários à natalidade. Muitos municípios portugueses já levaram à prática essa estratégia, que tem resultado num aumento efectivo dos nascimentos, assim como algumas freguesias de Arouca já levaram avante essa iniciativa.
Os jovens casais e o futuro de Arouca agradecem políticas concretas de estímulo ao aumento da população, porque sem crianças e jovens o horizonte de qualquer concelho será certamente mais sombrio e, inevitavelmente, menos alegre e dinâmico.
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Por falar em crianças e jovens, com abertura do novo ano escolar, o tema das refeições de fraca qualidade servidas no Agrupamento de Escolas de Arouca voltou novamente à tona, com muitos encarregados de educação a manifestar o seu desagrado com a alimentação servida aos seus filhos nas cantinas.
Aliás, a este propósito, circula nas redes sociais uma petição para exigir a rápida mudança no estado actual das refeições servidas nos estabelecimentos escolares.
No ano lectivo anterior, perante a avalanche de críticas, a autarquia considerou que contratando duas nutricionistaspara acompanhar a confecção das refeições a situação iria melhorar, só que a realidade em nada se alterou, apesar dos custos na contratação daquelas duas profissionais… Uma situação que requer uma resposta firme e rápida por parte da Câmara Municipal.
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A Santa Casa da Misericórdia de Arouca (SCMA) esteve em destaque nos últimos dias por razões diferentes, ambas bastante lamentáveis.
O Provedor e a Santa Casa de Arouca foram condenados em tribunal pelo crime de corrupção passiva, situação única numa instituição centenária de cariz religioso e social. Uma nódoa que envergonha a instituição, os seus mesários e Arouca.
A morte do padre António Peres. Antigo capelão da SCMA, que se encontrava alojado no seu lar residencial, marca o fim de uma era de clérigos arouquenses e não arouquenses que deixaram obra e exemplo junto dos seus fiéis de várias gerações.