Real Irmandade expõe ex-votos de gratidão à Rainha Santa Mafalda

A Biblioteca Memorial D. Domingos de Pinho Brandão, no Mosteiro de Arouca, acolhe a exposição “Ex-Votos: Culto e Devoção a Rainha Santa Mafalda”. A iniciativa é da Real Irmandade Rainha Santa Mafalda e foi inaugurada a 23 de Novembro, com a presença dos dirigentes da instituição e da vereadora do Desenvolvimento Cultural do Município, Cláudia Oliveira. A catalogação esteve a cargo de Angelina Noites e Diogo Gomes, profissionais da área da História que explicitaram para o público o processo que presidiu à organização e à exposição do espólio constituído por peças de ourivesaria, peças matrimoniais, fotografias e pinturas que testemunham o culto e a devoção à padroeira do Município de Arouca.

Maria de Lurdes Fernandes fez dissertação

«Muitos arouquenses acreditavam nos milagres da Rainha Santa Mafalda»

Colaboradora no projecto, a professora catedrática da Universidade do Porto, a arouquense, da freguesia de Chave, Maria de Lurdes Fernandes, dissertou sobre o contexto histórico e religioso e o significado das peças agora reunidas e divulgadas pela primeira vez ao público. «Santa Mafalda não é do ponto de vista oficial uma santa, nunca foi canonizada, no entanto, desde a Idade Média, desde a sua morte, ela foi admirada pelas gentes de Arouca, e não só, como uma santa. O milagre é exclusivamente divino, mas os santos são venerados pela intercessão que podem fazer pelos mortais junto de Deus. Para as crenças populares, os santos faziam (fazem) milagres. Muitos arouquenses acreditavam nos milagres da Rainha Santa Mafalda, mas o processo tendente à canonização não teve sucesso. Nos finais do seculo XVIII conseguiu-se a sua beatificação», explicou a docente universitária.

Testemunho únicos de devoção e gratidão

«Mas verdade é que, para os arouquenses, ela era, continuou a ser e ainda hoje é Santa Mafalda. Nesse culto do povo de Arouca, os devotos foram deixando marcas, testemunhos, manifestações materiais do que era a sua devoção e sobretudo do que era a sua gratidão pelos milagres que consideravam que tinham sido feitos por intercessão da Rainha Santa Mafalda. É isso que se chamam os ex-votos, algo proveniente de uma promessa ou voto. Em situações de doença, riscos de viagens marítimas, entre outros motivos, era uma maneira de deixar uma forma material do agradecimento. Estes ex-votos não são ex-votos que tenham sido recolhidos para um museu, eles estão aqui expostos porque foram deixados no altar da Rainha Santa Mafalda e foram sendo guardados pela Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, uma associação arouquense que é necessário continuar a preservar e a valorizar». «A simplicidade destes ex-votos é muito significativa, são cada vez mais valorizados do ponto de vista histórico-cultural e humano», frisou Maria de Lurdes Fernandes.

A Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda (RIRSM) é uma instituição arouquense fundada em 1886, logo após a morte da última freira do Mosteiro de Arouca. A exposição dos ex-votos pode ser visitada nos horários da Biblioteca Memorial D. Domingos de Pinho Brandão. Manuel Matos (texto e fotos)/RV

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