Coro de Câmara de São João da Madeira (en)cantou na Igreja de Chave

A Igreja de Chave acolheu um momento musical muito especial, na noite do passado sábado, dia 17 de Maio, com o Coro de Câmara de São João da Madeira, sob a direcção de Ivo Brandão, e o organista António Esteireiro. O concerto, que decorreu num ambiente profundamente espiritual, reuniu dezenas de pessoas que se deixaram envolver pela harmonia e sensibilidade do repertório apresentado – o Requiem de Maurice Duruflé, na sua versão para órgão, coro e solistas, uma obra que nunca havia sido apresentada em Arouca, e que, por cá, só nesta Igreja e no seu órgão Grenzing é possível levar a cabo. O concerto foi promovido com o apoio da paróquia de Chave, numa iniciativa de promoção da cultura em íntima ligação ao culto. De resto, o pároco, padre José Joaquim Ribeiro, foi também elemento activo neste concerto, não só ajudando a proporcionar todas as condições para que ele fosse possível, como no apoio ao organista. Também o Conselho para os Assuntos Económicos da paróquia foi fundamental, no apoio à organização. Na plateia, estiveram presentes Alzira Santos, em representação da Junta de Freguesia de Chave, e o vereador António Duarte, em representação da Câmara Municipal de Arouca.

O Requiem de Maurice Duruflé é uma das obras mais marcantes do repertório coral-sinfónico do século XX. Composto após o final da II Guerra Mundial, num contexto em que o mundo passou a viver uma ‘guerra fria’, de ameaça latente, é, para além de um testemunho de fé, um rasgo de esperança e um exercício de síntese entre tradição e modernidade, liturgia e arte. Duruflé mantém, nesta obra, a profunda espiritualidade contida nos textos e nas melodias gregorianas utilizados nas celebrações fúnebres, procurando sempre potenciar ao máximo esse legado. Preserva-lhes a fluidez e ritmo livre, e integra-as numa textura harmónica riquíssima, cuidada e muitíssimo bem enquadrada. Hoje, quando o mundo volta a viver num turbilhão de acontecimentos e verdades, num rasto de morte e destruição, vale a pena pararmos este correr frenético do tempo para, a partir desse cenário de morte, podermos saborear este caminho, reflectindo sobre de onde viemos, onde estamos e para onde vamos, sobre o que fomos, o que somos e no que nos estamos a transformar. E, olhando para o tecido musical produzido por Duruflé a partir do canto gregoriano, pensarmos também sobre como podemos ser agentes dessa mudança. Pensarmos, no fundo, sobre o que queremos. E, aí, nesta música que nos leva ao Divino, encontrarmos a esperança.

Sendo Maio o mês por excelência dedicado a Maria, o concerto terminou com o motete ‘Ave Regina Caelorum’, de Joseph Rheinberger. Trata-se de uma obra coral sacra dedicada a Nossa Senhora (‘Ave, Rainha dos Céus’), que mostra bem o estilo romântico tardio do compositor, com forte influência da tradição litúrgica católica e do contraponto clássico. Com devoção e lirismo, Rheinberger oferece-nos, nesta pequena peça, clareza polifónica e profundidade espiritual.

Outros Artigos de Interesse

Cultura

Angelina Andrade apresentou “Drave, a Aldeia Mágica”

Aldeia serrana continua a seduzir a autora nascida em Arouca
Cultura

Academia de Música de Arouca promoveu Concerto de Solistas

Doze jovens músicos fizeram o espectáculo
Cultura Sociedade

Cine Clube de Arouca: Paulo Fajardo brilhou em “A Almería de Leone”

O filme constrói-se a partir de dados documentais e essencialmente de uma impressionante viagem empreendida pelo autor português