«Saímos de Arouca, mas Arouca nunca saiu de nós». É agarrada a este forte vínculo afectivo à sua terra natal que Angelina Andrade regressou este sábado a Arouca para apresentar o seu mais recente livro – “Drave, a Aldeia Mágica”. A sessão decorreu na Biblioteca D. Domingos de Pinho Brandão, no Mosteiro de Arouca, e contou com a presença de muitos familiares e amigos. Angelina Andrade nasceu em 1953, na freguesia de Arouca, lugar de Crasto, e partiu para Cascais aos 16 anos, onde tem permanecido. Mas é a terras de Santa Mafalda que sempre voltou, para se casar, para baptizar a filha, para baptizar a neta, para fazer visitas, e… agora, para dar a ler aos seus conterrâneos a sua mais recente criação, ela que se diz também «uma apaixonada pelos livros».

«ESTE LIVRO É UMA PROVA DO AMOR DA AUTORA PELA SUA TERRA»
Margarida Belém, em nome do Município, sublinhou a qualidade literária bem como a ligação umbilical da escritora que, «desta forma artística, valoriza a sua terra e, em especial, uma aldeia emblemática». «Este livro é uma prova do amor da autora pela sua terra. Drave é uma aldeia que nos conta muitas histórias e que ganha vida diariamente com os imensos visitantes que se deslumbram e apaixonam pelo lugar. É um património que nos remete para a nossa cultura, a nossa identidade, os nossos valores patrimoniais, mas também para a preocupação da sua preservação e valorização enquanto património de um povo», destacou a autarca.
«DRAVE, DESERTA, MAS NÃO ABANDONADA»
Após a projecção de fotografias ilustrativas da «aldeia mágica que se esconde por detrás das montanhas», o professor arouquense José Cerca procedeu à apresentação da obra. «Drave está muito ligada aos escuteiros, fiz várias diligências para que estivessem nesta apresentação, mas não foi possível», começou por dizer. «É já longa a tradição cultural desta Câmara Municipal de promover através dos serviços da biblioteca obras de autores arouquenses, e não só. Este é um livro com temática totalmente arouquense. Apesar de deserta, mas não abandonada, Drave não deixa de atrair até si muitos curiosos e amantes da natureza», referiu José Cerca, avançando de seguida para o interior do livro. «Ao ter o privilégio de acompanhar o desenvolvimento desta narrativa sobre “Drave, a Aldeia Mágica”, além da qualidade da sua prosa, apercebi-me também da grande imaginação criativa com que a autora foi construindo as várias personagens, que acabariam por dar ainda mais vida e mais magia a esta aldeia que é tão acarinhada pelos arouquenses e por todos os amantes da natureza que a visitam».

«DO PLANO DA IMAGINAÇÃO CRIATIVA AO PLANO DA REALIDADE RURAL»
Estruturalmente, a obra é composta de duas partes, que o apresentador elucidou. «A primeira, passa-se toda ela no plano da imaginação criativa, onde as diversas personagens misteriosas e enigmáticas criadas pela autora muito contribuem também para aumentar a magia mística e lendária sobre Drave. Se, para o visitante, Drave é um conjunto de casas abandonadas, envoltas em mistério e rodeadas de muita beleza, agora, com esta obra, Drave passa a ganhar vida e animação para o leitor que se deixa arrastar pela narrativa de Angelina Andrade.»
Na segunda parte, prosseguiu José Cerca, «a autora desce do plano da fantasia para o plano da realidade local, oferecendo aos leitores um conjunto de interessantes retratos tipicamente rurais ligados a uma Arouca do passado, essencialmente agrícola no seu todo. E, num feliz regresso ao passado da sua infância, a autora, pinta-nos, através da sua fluente escrita, um conjunto de cenas, uma pessoais outras colectivas, evocando a vida familiar à volta da lareira ou a vida social nas mercearias da época. São episódios, uns bem caricatos e divertidos, outros bem reais, testemunhando a dureza da vida que grande parte das pessoas vivia em épocas passadas», referiu José Cerca sobre o novo livro da escritora que se estreou, em 2011, com “Deixa-me adivinhar-te”.
Uma apresentação de forte cariz arouquense e envolvimento familiar que inclui a leitura de vários trechos de “Drave, a Aldeia Mágica» pela filha da autora, Isabel Aragão. MMS/RV (texto e fotos)
