Única associação que desenvolve a modalidade de basquetebol no município, o Centro Juvenil Salesiano de Arouca conta nesta altura com três escalões de formação nos campeonatos distritais da Associação de Basquetebol de Aveiro. No passado fim-de- semana os resultados nem sempre se traduziram em vitórias, mas o crescimento competitivo dos jovens basquetebolistas arouquenses tem tido pernas para andar. Na sexta-feira, a formação de sub-16 [fotos] discutiu até final o resultado que terminou favorável à ACR Vale de Cambra por 57-46. Em Vagos, a equipa sub-18 esteve empatada a 76 pontos no final do templo regulamentar, mas no prolongamento a equipa da casa fechou o marcador com 96-83. Na Gafanha da Nazaré, a formação sub-14 superiorizou-se ao GD Gafanha e venceu por 54-40.

BASQUETEBOL DO CENTRO JUVENIL FAZ UMA DÉCADA
Criado na época 2016/2017 para diversificar a oferta desportiva para os jovens, o projecto de dinamização do basquetebol arouquense foi temporariamente interrompido durante o “Covid”. Assim que retomado, cumpre agora a quinta época pós-pandemia. A par da formação, a secção já teve também uma equipa sénior, mas o foco está agora todo nos escalões de formação de minis, sub-14, sub-16 e sub-18.

PAULO SCHMIDT: «AROUCA VAI SER UMA REFERÊNCIA A NÍVEL DE BASQUETEBOL»
Há alguns anos nos quadros técnicos da associação salesiana de Arouca, o treinador Paulo Schmidt assumiu esta época o comando da formação sub-16. No final do encontro disputado no Pavilhão da ESA, o técnico falou ao RODA VIVA sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido em prol da modalidade e do desporto para os jovens.
Está já há alguns anos na associação. Como está a ver a evolução do basquetebol do Centro Juvenil?
«Conheço muito bem o meio e vejo essa evolução como uma luta diária e constante, em que não podemos parar de trabalhar. Acredito que em breve Arouca vai ser uma referência a nível de basquetebol. É para isso que nós trabalhamos todos os dias, é para isso que nós estamos aqui, atletas, treinadores, coordenadores. Enfim, o clube está a trabalhar nessa perspectiva e a ideia é consolidar a modalidade para que nós todos, daqui para a frente, possamos olhar para Arouca e ver não só futebol, não só voleibol, mas também basquetebol. A ideia é essa e continuamos a crescer.»
Na última época já houve presenças do CJSA nas fases mais adiantadas da competição, por exemplo nas final-four, onde nunca tinha estado…
«Sim, atingimos duas final-four, de sub-18 e sub-16. Foi uma geração forte, foram alguns atletas ainda da primeira geração, daquela que começou há cinco anos atrás, que conseguiram chegar a essas fases finais. Neste momento temos algumas promessas. Este ano a equipa de sub-16 não está tão forte como a equipa que tínhamos no ano passado, mas já têm experiência de competição. É a primeira vez que eu estou a treinar uma equipa do Centro Juvenil que não tem nenhum atleta estreante. Todos eles têm pelo menos um ano da modalidade. Nesta equipa faltou ainda o Xavi, que esteve ao serviço dos sub-18.»

O CJSA compete com cubes que têm já muitos anos formação e de experiência…
«Estamos a jogar com equipas em que têm atletas com seis, oito, dez anos de basquetebol. O nosso atleta que tem mais anos na modalidade joga há quatro anos, mas a maior parte deles iniciaram a competição apenas há um ou dois anos.»
Quer dizer que são gerações para consolidar ainda…
«São, claramente, no sentido do crescimento. Cada escalão tem dois anos e grande parte dos atletas que estão a jogar nos sub-16 são atletas de primeiro ano. É uma equipa que tem este ano para aprender e para o ano poderá afirmar-se.»
Como está a base de recrutamento?
«Não temos muitos atletas, é verdade. Precisávamos de muitos mais. Precisamos de uma base de recrutamento maior, principalmente no escalão de minis. Aquilo que nos faz falta são aqueles rapazes mais novos, abaixo dos 10 anos, ou abaixo dos 12 anos, esses é que teriam que vir e experimentar. Aquilo que eu espero é que as pessoas tragam cá as crianças para poderem experimentar. Se gostarem, depois ficam. Se não gostarem, não ficam. Mas nós gostávamos que eles viessem pelo menos conhecer a modalidade, conhecer o Centro Juvenil nesta vertente e experimentar.»
Está contente com o envolvimento dos atletas?
«Estou com eles já há bastante tempo. Eu gosto muito da minha equipa, acho que são muito bons rapazes, são esforçados. Têm, naturalmente, falhas, são crianças e, portanto, há coisas que eles têm que aprender, têm que crescer. Mas o desporto, na verdade, não são só vitórias e derrotas, nem todas são vistas no marcador. Há muitas vitórias de dia-a-dia que nós fazemos e que são importantes para eles, no crescimento deles. A maior parte destes rapazes, possivelmente, não serão atletas de alta competição, mas vão ser alguma coisa na vida. E o importante é que este projecto contribua para esse percurso deles.»
Está a frisar a componente formativa do desporto, que o CJSA valoriza…
«Exactamente. Entendo o desporto como mais uma ferramenta, mais um agente de formação e educação. E nós trabalhamos com essa intenção também. É muito importante ter isso constantemente presente O resultado do marcador não depende só de nós, depende de muitas coisas. Depende de outras equipas, das equipas de arbitragem, da equipa que está a jogar contra nós. Agora, aquilo que depende só de nós, nós temos que fazer o melhor. É nisso que nós temos que nos concentrar, para eles crescerem de forma saudável.»
O que é que o fascina no basquetebol? Por que razão escolheu esta modalidade e não outra?
«Eu tenho um fascínio pelo desporto em geral. O basquetebol foi uma descoberta relativamente recente para mim, enquanto paixão. Eu vim de uma outra realidade, de um desporto individual. E aquilo que me fascinou neste desporto foi a questão do coletivo. E eu gosto muito de trabalhar num desporto coletivo com crianças. O basquetebol é um desporto que, além de ser absolutamente fascinante, tem uma intensidade brutal. Por outro lado, é uma modalidade que, felizmente, ainda é relativamente tranquila na bancada, não há aquela pressão menos saudável. E assim é que está correcto. No desporto, e ainda mais quando se trata de escalões de formação, as pessoas devem assistir com espírito positivo, para apoiar e não para criticar ou destruir. Perder ou ganhar faz parte e tudo é uma aprendizagem.»

Desporto e juventude são valores que combinam bem. O que salienta nesta relação?
«Eu sou fascinado pelo desporto em geral e por aquilo que o desporto pode fazer pela nossa juventude e até pela nossa sociedade. Nós fazemos muitas coisas menos boas enquanto sociedade e fazemos outras que são muito boas e muito bonitas. O desporto é uma delas. O desporto é uma actividade bonita e saudável e penso que deve ser mais estimada. Eu gostava até que Arouca, de uma forma geral, e não estou a falar só da comunidade, do poder político, do poder local, que tivesse um bocadinho mais de sensibilidade para a questão do desporto. Acho que precisamos que as pessoas olhem para o desporto com algum carinho e que se preocupem com aquilo que são as lacunas que neste momento temos, e as necessidades que o desporto tem aqui para a comunidade. E que tenham isso em mente quando tomam as suas decisões.» MMS/RV
PRÓXIMOS JOGOS
SUB-14: CJS Arouca – CD Campinho (24 Outubro, 21h00, Pavilhão da ESA)
SUB-16: GD Gafanha – CJS Arouca (25 Outubro, 16h30, PD da Gafanha da Nazaré)
SUB-18: folga