Banda Musical de Arouca, património vivo a caminho dos dois séculos

A Banda Musical de Arouca – Associação Cultural e Artística reuniu-se, a 23 de Novembro, no Hotel S. Pedro, para celebrar o seu 199º aniversário, uma data especial na longa história da associação fomentada por um espírito de união e de partilha entre dirigentes, músicos, sócios, amigos e familiares. Fundada em 1825 por Bernardino Joaquim Soares, a BMA recebeu, em 1985, o estatuto de Utilidade Pública, um desígnio cultural e artístico gratificado também na atribuição da Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro.

A caminho dos dois séculos de vida, a BMA é uma das instituições culturais mais antigas do município de Arouca, um património artístico que há muito saltou as fronteiras do concelho para se projectar nacional e internacionalmente. Composta por 75 elementos, muitos deles integrados em instituições de ensino superior, bandas militares e orquestras portuguesas, a BMA comporta ainda uma escola de música gratuita para crianças, um centro de formação musical que vai ajudando a rejuvenescer e a perpetuar a história notável de uma associação quase bicentenária.

«HÁ UMA GRANDEZA DA ASSOCIAÇÃO QUE NÃO PODEMOS DEFRAUDAR»

Fernando Rui Fontes Brandão é músico da casa há 35 anos e acumula a presidência da direcção da associação desde 2014 – um maior à vontade na gestão fortalecido pela experiência acumulada noutros cargos de direções anteriores. Na jornada comemorativa, RODA VIVA conversou com o actual músico-presidente da BMA, que esteve institucionalmente acompanhado pelos membros dos órgãos sociais e pelo vereador António Carlos Duarte, em representação do município.

Como é dirigir uma instituição que é uma das referências patrimoniais do concelho?

«Para mim é uma honra e um orgulho, acrescidos da maior responsabilidade que se possa ter para estar à frente de uma associação, como é a Banda Musical de Arouca. Cada ano é um desafio para levarmos para a frente todas as actividades que nos propusemos. A Banda faz 199 anos e há todo um legado, uma grandeza da associação que não podemos defraudar. É um gosto estar ao serviço desta associação, trabalhamos para ela estar sempre ao melhor nível.»

Que caminho foi esse, de jovem músico a presidente?

«Há todo um percurso que se vai construindo. Começamos muito jovens na banda juvenil, um dia chegamos à banda principal… Porém, não imaginava chegar um dia a presidente. Lançaram-me o desafio de integrar direcções anteriores, vamos entrando na engrenagem e chega uma altura em que nos propõem avançar… Como gostamos do que fazemos, não temos forma de dizer não. Somos uma equipa em que todos trabalham para o mesmo fim.»

Num universo de tantas tendências musicais e solicitações, impressiona a quantidade de jovens presentes na BMA…

«Felizmente o ensino da música tem proliferado a nível regional e nacional, tentamos dinamizar ao máximo a nossa escola de música, temos hoje melhores condições e isso reflectiu-se num acréscimo de motivação e do número de alunos. O trabalho de há anos da nossa escola de música, composta por aulas de instrumento e de formação musical, mais o contributo das academias e do ensino articulado fez com que a música pudesse chegar a muitos mais crianças e jovens do que antigamente.»

Com que apoios conta?

«Temos receitas próprias dos serviços que fazemos, como festas e romarias, mas necessitamos de outras ajudas, como os apoios institucionais da Câmara Municipal e das Juntas de Freguesia. Felizmente, contamos também com os contributos dos nossos sócios e com um bom grupo de sócios beneméritos que estão sempre dispostos a colaborar com a Banda. Temos ainda apoio de várias empresas patrocinadores. Todos são fundamentais para a subsistência da Banda.»

Que mensagem quer deixar?

«Agradeço a toda a população que tem acompanhado e apoiado a Banda, a todos os familiares dos músicos que são uma peça fundamental para que eles se sintam bem e disponíveis para a Banda. Aproveito para convidar a população para a nossa próxima actividade – o tradicional Concerto de Natal.»

«DIGNIFICAR E ENGRANDECER A ASSOCIAÇÃO E O MUNICÍPIO»

Maestro da Banda Musical de Arouca, Ivo Silva é natural do Porto e serve a associação há sete anos.

Como é ser maestro de uma banda quase bicentenária?

«É uma responsabilidade acima de tudo, mas é também um compromisso que tenho para com as pessoas do município. Tentamos ao máximo potenciar e desenvolver atividades culturais que engrandeçam e dignifiquem a associação e o município. Com os jovens torna-se tudo mais fácil porque há outra disponibilidade, outro querer. Têm sido sete anos de muito trabalho, mas também de muitas conquistas e, de certo modo, de novos reconhecimentos por parte dos arouquenses que tanto nos orgulha.»

Aos clássicos, a banda tem juntado a actualização do reportório…

«Por um lado, há que manter as tradições, pois há sempre quem goste daquele determinado tipo de música e procuramos respeitar isso. Mas faz também parte do nosso trabalho informar o público de novos horizontes e de novo reportório. Temos vindo a aceitar esse desafio e penso que as pessoas têm ficado agradadas com as nossas propostas musicais e culturais.»

Que projectos estão na forja?

«O grande projecto é que venham mais duzentos anos. Não estaremos cá para comemorar, mas temos alguma importância no prolongar da instituição, cabe-nos a nós assegurar o seu futuro. Em 2025 vamos ter um plano de actividades bastante diversificado e completo, que não posso ainda divulgar. Posso adiantar que temos a ideia de realizar uma actividade cultural por mês, pelo que iremos ter pelo menos doze actividades proporcionadas pela Banda Musical de Arouca.»

Um jantar comemorativo que teve ainda a exibição artística do “ouro da casa” – a Banda Juvenil da Banda Musical de Arouca. Manuel Matos (texto e fotos)/RV

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