Filipe Paiva deixou os campos de futebol, mas ainda não se despediu do futebol. O antigo jogador da linha média vestiu durante doze épocas a camisola da ACRD Mosteirô e, hoje, preside à direcção do clube que milita na 1ª Divisão da AF Aveiro. Um cargo que assumiu pela primeira vez há cerca de meio ano. Aos 40 anos, o empresário do ramo do calçado e da metalomecânica avançou para a frente do novo clube da freguesia de São Miguel do Mato, onde jogou desde o primeiro ano da sua fundação, em 2003. Para trás ficara o extinto Grupo Desportivo de Mosteirô.
O quinto de uma linhagem de dirigentes
O novo presidente é o quinto de uma linhagem de dirigentes da ACRD Mosteirô que começou com Rui Rocha (2003-2006) e continuou com Américo Pereira (2006-2008), Manuel Costa (2008-2012), Rui Rocha, novamente, (2012-2020) e Manuel António (2020-2024).
Roda Viva conversou com o novo presidente da ACRD Mosteirô acerca da nova experiência directiva e das perspetivas do clube para a nova temporada.
«A MINHA PRIORIDADE VAI PARA A ORGANIZAÇÃO E A ESTABILIDADE»
Foi jogador, esteve os últimos três anos na direcção de Manuel António e, agora, é o presidente. Por que decidiu avançar?
«Tomei a decisão de assumir o clube com a premissa de contar com algumas ajudas. Foi uma decisão ponderada.»
Ser um presidente que percebe de futebol ajuda?
«Um bocadinho, não percebo de tudo, tento ajudar naquilo que posso.»
A responsabilidade pesa-lhe agora mais do que quando era jogador…
«Sem dúvida. Mas é uma experiência engraçada, algo a que já estou habituado porque também sou empresário, dirijo duas empresas. A ideia de organização e de gestão já vem daí, da minha vida profissional. Trazendo para o clube as pessoas corretas, um grupo de trabalho que seja dinâmico e que se paute pela ajuda mútua, as coisas tendem a funcionar bem. Se assim não for, as coisas dão para o torto.»
Essa gestão racional dos recursos e com perspetivas a longo prazo é uma prática que procura transpor para o clube, apesar do escalão distrital?
«Temos que estar presentes na vida do clube, fazer uma gestão passo a passo, não querer tudo de um dia para o outro. Devagar se vai ao longe. O clube já dispõe umas boas instalações e a prioridade vai para a organização e a estabilidade. É fundamental promover um sentimento de pertença, de estabilidade e de organização do grupo.»
Relativamente à época anterior, o plantel foi muito remodelado…
«Esta época organizámo-nos melhor, começamos a constituir a equipa técnica e o plantel mais cedo. Este foi um dos aspectos mais positivos, uma preparação mais tranquila. É uma forma de darmos mais estabilidade ao clube, que é aquilo que mais desejamos.»
Com que objectivos arrancou para a nova época?
«Quisemos pôr a organização a funcionar. Apostamos na remodelação da equipa, num treinador de que gostamos bastante, procurar praticar um futebol mais atrativo. Vamos procurar fazer a melhor caminhada possível.»
O Mosteirô pode aspirar a uma divisão superior, o Campeonato de Elite da AF Aveiro?
«Neste momento, o nosso primeiro objectivo é a estabilidade. Sabemos a conjuntura e o lugar a que pertencemos. Somos um clube pacato, que tem condições, mas falta-nos muito apoio, um apoio que é difícil de trazer para cá. Não prometemos nada a ninguém nem podemos prometer, esta é a realidade. Vamos fazer uma época pensando jogo a jogo.»
Com que apoios conta?
«A Câmara Municipal ajuda-nos, a Junta de Freguesia ajuda-nos, e bastante, temos muito que agradecer à Junta de Freguesia de S. Miguel do Mato. O estádio [da Portelada, de relva natural] não pertence à associação e temos de pedir licença à autarquia para utilização. Temos de agradecer ainda a todos os nossos simpatizantes, sócios e patrocinadores. Quantos mais conseguirmos angariar melhor para o clube, porque precisamos desse apoio para garantir a sua estabilidade. A todos agradeço.»
É a sua primeira experiência como presidente. Que marca quer deixar no final do mandato?
«A marca que quero deixar é a estabilidade do clube. Fazer com que o clube seja uma organização estável e não passe todos os anos a sofrer, pugno para que o clube não viva na incerteza… se vai descer, se vai manter-se…»
Primeiro autocarro já circula
A caminho do meio ano de mandato, Filipe Paiva enalteceu ainda a aquisição do primeiro autocarro do clube [aquisição já noticiada por Roda Viva], um bem necessário à actividade do clube e que só foi possível concretizar graças aos preciosos apoios de um conjunto de amigos e patrocinadores da colectividade de Mosteirô.
Em termos desportivos, a primeira época sob o comando de Filipe Paiva vai correndo sem sobressaltos – a ACRD Mosteirô ocupa, nesta altura, o 8º lugar da 1ª Divisão (Zona Norte) e conquistou, recentemente, o apuramento para os dezasseis-avos-de-final da Taça de Aveiro. Manuel Matos/RV (texto e fotos)