Numa sessão promovida pela Câmara Municipal de Arouca, a Loja de Turismo de Arouca acolheu no sábado, 7 de Dezembro, a apresentação do livro “Chovia Naquela Noite de Breu”, da autoria de Aurélio Monteiro de Costa, autor nascido no Porto, em 1952, mas com raízes arouquenses por parte da mãe, que viveu na antiga Rua d’Arca antes de partir ainda muito nova para o Porto. Arminda, uma das personagens do romance «é a minha mãe», confessou o autor. Depois de “O Entardecer da Esperança”, de 2022, o novo livro de Aurélio Costa «é o segundo romance do autor, numa referência à exploração de volfrâmio em Arouca e ao momento social e político que se vivia em Portugal em plena Segunda Guerra Mundial e nos anos subsequentes».
Tempos do volfrâmio em Arouca
A narrativa tem como referência o tempo da exploração do volfrâmio em terras de Arouca, quando alemães e ingleses partilhavam o território na exploração do minério nas minas de Rio de Frades ou de Regoufe, entre outras, mas «toda a narrativa tem como pano de fundo as questões da amizade e da solidariedade, através do cruzamento das suas principais personagens», explicou o autor Aurélio Costa, um apaixonado pela leitura e pela escrita, mas também pelo cinema, dimensão artística e técnica que se reflecte também na «estrutura cinematográfica deste romance.»
Manuel Sobrinho Simões e António Vilar na apresentação
A obra foi apresentada pelos arouquenses Manuel Sobrinho Simões e António Vilar, este autor do livro de investigação “O Volfrâmio de Arouca no Contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945”), publicado em 1998.
«“Chovia Naquela Noite de Breu” é um bom livro, rigoroso e bem escrito, que retrata o contexto de Arouca e do país de 1942 a 1951. Adorei o livro. O Aurélio escreve como se o livro fosse um guião de cinema», frisou o catedrático Manuel Sobrinho Simões. Elogios que vieram também do ex-docente de História na Escola Secundária de Arouca. «Foi um prazer ler este livro. É difícil encontrar um livro que cite tantas vezes Arouca. O livro é um romance, mas tem muita história. É um livro que devia ser obrigatório nas escolas portuguesas para os alunos perceberem que tempos eram esses, tempos muito difíceis, de ditadura e de profunda miséria da população. O autor tem ainda a virtude de chamar as coisas pelos nomes», salientou António Vilar. «É uma obra que tem alma de Arouca», destacou ainda a presidente da Câmara Municipal, Margarida Belém.
Sinopse
Editado pela Edições Afrontamento, o romance, desenvolvido em 344 páginas, decorre em plena Segunda Guerra Mundial. «Carlos, jovem agricultor de Arouca, explora clandestinamente volfrâmio nas montanhas circundantes. Os preços do minério atingem então valores especulativos, propiciando a alguns um enriquecimento rápido. Simultaneamente, a pobreza grassa em Portugal e as vicissitudes da guerra fazem aumentar o desemprego e agravam as condições de vida já miseráveis da população. Bernardo, um jovem da alta burguesia portuense, educado em Inglaterra, conhece Carlos e tornam-se amigos e companheiros na luta anti-regime (…)».
Auditório bem composto
Aurélio Monteiro da Costa licenciou-se em Gestão. Empresário, criou e geriu empresas nos ramos do design, indústria gráfica, publicidade e informática. Foi consultor de várias empresas e instituições. Leccionou em escolas privadas de ensino. Foi ainda formador em diversos cursos de aplicações informáticas e palestrante em seminários empresariais e técnicos. São as notas bibliográficas do autor portuense, que teve em Arouca abundante presença de amigos que se deslocaram expressamente à sede do concelho para acompanhar a apresentação pública da nova obra literária. Manuel Matos (texto e fotos)/RV