Foi sobre Ciência de ponta na busca pela resposta a esta eterna pergunta da Humanidade, que incidiu a última sessão das “Conferências de Arouca”, no passado dia 29 de Novembro.
A descoberta de milhares de planetas fora do sistema solar (exoplanetas) mostra-nos que a maior parte das estrelas que vemos tem planetas à volta. A procura por planetas semelhantes à Terra, potencialmente capazes de albergar vida, tornou-se assim num dos temas mais quentes da astrofísica moderna.
Nuno Cardoso Santos, na linha da frente da pesquisa de exoplanetas (e que acabara de descobrir mais um, no dia anterior, com a sua equipa), investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e professor Catedrático no Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da U.Porto, foi o orador convidado, com moderação de Sérgio Teixeira, professor de Biologia e Geologia da Escola Secundária de Arouca.
O astrofísico começou por explicar o nascimento de uma estrela e como se formam os planetas. Após uma explicação acessível dos três princípios físicos que permitem encontrar outros mundos, ficamos a saber que já são mais de cinco mil os exoplanetas descobertos desde 1995, com uma enorme variedade de tamanhos, formas, órbitas e composição – desde gigantes gasosos como Júpiter a planetas rochosos. Um planeta que se assemelha a uma bola de râguebi, e outro onde chove ferro, foram exemplos curiosos da forma e atmosfera de alguns. Mas as descobertas não param de surpreender os cientistas, e muito ainda permanece misterioso e inexplicável à luz do conhecimento actual.
O desafio científico e tecnológico para explorar estes mundos tão distantes tem impulsionado projectos e missões espaciais das grandes agências internacionais (entre elas a Agência Espacial Europeia – ESA e o Observatório Europeu do Sul – ESO), com participação importante da academia, engenharia e indústria portuguesas, como nos deu orgulhosamente a conhecer o orador.
A conferência suscitou grande interesse e participação do público, estendendo a sessão com uma estimulante conversa com Nuno Santos, que, questionado, partilhou o dia-a-dia de um cientista no Observatório e realçou a variedade de disciplinas envolvidas (biologia, química, matemática, ciência de dados, direito…), entre outros aspetos. Nas diversas intervenções especulou-se e apostou-se com entusiasmo na possibilidade de vida extraterrestre.
Foi mais do que saber de planetas distantes, ou da excelência da ciência em Portugal neste domínio, foi sobre a evolução do entendimento do nosso lugar no Universo.
(A gravação vídeo está disponível no site do Círculo Cultura e Democracia.)