Mel produzido nas serras de Arouca é dos melhores do país e arrecadou cinco medalhas de Ouro no XV Concurso Nacional do Mel, promovido pela Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP). Os méritos vão para a Casa das Chãs, sedeada na freguesia de Tropeço, liderada pelo apicultor Mário Fernando Brandão, com três Medalhas de Ouro, nas classes de urze, castanheiro e multifloral, e para António Vieira Fernandes, residente em Espinho, mas natural de Santa Eulália, que se estreou com duas Medalhas de Ouro, obtidas na classe eucalipto (foto acima).
Os prémios, hierarquizados após rigoroso escrutínio, foram atribuídos na Feira Nacional da Agricultura 2024 (FNA24) que decorreu de 8 a 16 de Junho, no Centro Nacional de Exposições, em Santarém. Num ano marcado pela seca extrema como foi 2023, participaram no certame 57 méis de todas as regiões de Portugal. A Medalha de Ouro premeia unicamente «méis de altíssima qualidade que cumprem de forma destacada os critérios da sua categoria e classe», refere a organização. No mesmo concurso foi ainda galardoado O Mel do Ano 2024, isto é, o mais pontuado pelo júri: o Mel Vale da Sarvinda, mel de rosmaninho, do concelho de Vila Velha de Ródão (Castelo Branco), um título que sucede ao obtido pela Casa das Chãs no ano anterior. Ao longo das suas quinze edições, «o Concurso Nacional do Mel tem vindo a contribuir para a valorização do Mel de Portugal e sua divulgação junto dos consumidores, dando relevo e visibilidade à sua qualidade, enorme diversidade e elevada notoriedade sensorial». Fundada a 10 de Julho de 1996, a FNAP representa e defende os interesses dos apicultores portugueses.

CASA DAS CHÃS MANTEM-SE NO TOP NACIONAL
No top nacional dos produtores de mel, mantém-se a Casa das Chãs. Galardoada desde 2021, a produtora e distribuidora com sede em Tropeço atingiu alto nível de notoriedade e consolidou-se como produto de excelência, razão para as atribuições já colecionadas, inclusive o de Melhor Mel Nacional. Em 2021, Medalha de Ouro (eucalipto); em 2022, Medalhas de Bronze (urze) e de Ouro (multifloral); em 2023, uma Menção Honrosa (eucalipto) as Medalhas de Ouro em urze e multifloral e ainda o Prémio Mel do Ano 2023 (urze).
As três Medalhas de Ouro recentemente alcançadas reforçam o prestígio da actividade liderada por Mário Fernando Brandão. «Tenho outra profissão, a apicultura é um hobby que iniciei há uns quinze anos e a que me dedico o ano inteiro com toda a paixão para que as abelhas tenham a melhor saúde possível». «O trabalho é das abelhas, a nós compete-nos fazer as escolhas dos melhores locais para implantar as colmeias e ter o melhor conhecimento e atenção para preservar a quantidade e a qualidade de vida das abelhas», explica, sobre a necessária simbiose de tarefas entre humanos e insectos.

«A apicultura é o parente pobre da agricultura»
Apesar da satisfação que lhe dá a evolução e o reconhecimento da actividade, Mário Brandão lamenta a falta de políticas que incentivem a apicultura portuguesa. «O nosso objectivo é sempre o de obter a melhor qualidade. Estes prémios são um orgulho, mas face aos custos que a apicultura exige, as ajudas são quase nenhumas. Estou associado a uma associação onde encontramos apoio em formação e obtemos produtos de tratamento a melhores preços, mas, em Portugal, a apicultura é o parente pobre da agricultura. Noutros países há políticas de apoio que os apicultores portugueses não têm», frisou.
Uma actividade gratificante, contudo, delicada, pois «os apiários são muito sensíveis e estão sujeitos às interferências de muitos factores de risco – climáticos, doenças, ácaros, predadores, entre outros – que podem comprometer a vida da colmeia, a produção e a qualidade do produto a obter. É uma actividade muito exigente. Há outros produtos que se podem extrair da colmeia, mas o nosso foco é apenas o mel», vincou, apontando ainda o objectivo central da Casa da Chãs.
«A Casa das Chãs só trabalha com casas, empresas ou serviços de restauração que exigem produtos de alta qualidade, é para este mercado exigente que orientamos a nossa produção. Temos de primar por uma boa imagem e por uma boa qualidade do produto», referiu o apicultor arouquense que integra o rol dos melhores produtores de mel português. Manuel Matos/RV
(mais desenvolvimentos na próxima edição impressa)
