Fernando ‘Capela’ termina a carreira profissional com 344 jogos

Fernando ‘Capela’ terminou a carreira no futebol profissional. Nos finais de 2023, o médio arouquense decidiu pôr fim a um percurso que começou nos iniciados do FC Arouca (1999/2000), até atingir as competições profissionais. Concluída a formação no clube da terra natal, Capela ascendeu à equipa sénior (2006/2009), saindo depois para o Milheiroense (3ª Nacional). Corria o verão de 2011 quando o interesse do Leixões (uma época) se fez ouvir. Começava aqui a grande etapa nas ligas profissionais. UD Oliveirense (uma época), Famalicão (uma época) e Penafiel (três épocas) foram outros pontos de passagem, mas seria no Académico de Viseu, onde jogou o maior número de temporadas (cinco), que o futebolista arouquense terminaria o compromisso com o futebol. Pelo meio, houve ainda uma breve incursão no futebol angolano, quando, em 2015, acompanhou o treinador Vitor Manuel nos Bravos do Maquis.


«Há muito talento em Portugal»

Uma longa história de carácter e profissionalismo vivida ao longo de 344 jogos nas competições profissionais, um testemunho que Capela aceitou partilhar com o RODA VIVA. Aos 38 anos, já afastado da azáfama dos treinos, dos estágios e dos jogos, o ex-futebolista privilegia hoje a família e cuida da vida além dos estádios, munido de um curso superior em Ciências Farmacêuticas, que lhe permitiu acautelar o futuro.


RODA VIVA teve a oportunidade de o entrevistar quando atingiu a marca dos 300 jogos no futebol profissional. Agora que encerrou a carreira, que balanço faz?

«Foi uma carreira que se iniciou sem a convicção que se tornaria tão séria. Ia jogando em escalões inferiores e dando prioridade aos estudos. Só aos 25 anos, depois de terminar a licenciatura, as coisas começaram a ficar mais sérias quanto ao meu futuro no futebol. Surgiu a oportunidade de jogar na 2ª Liga [Leixões SC] e começou aí a caminhada de 12 anos como profissional, praticamente todos na 2ª Liga, à excepção de uma época, em 2014/15, pelo Penafiel, na 1ª Liga, e em Angola, no clube Bravos do Maquis. Foram 12 anos muito felizes, com altos e baixos, como em tudo na vida, mas de total dedicação, muita resiliência e entrega à profissão. Cresci muito e fiz muitas amizades que mantenho para a vida, tenho muito orgulho em tudo aquilo que conquistei.»


Que momentos, positivos e negativos, destacaria?

«Se tivesse de destacar um momento menos positivo diria que foi a ida para Angola que, para além de não ter sido uma experiência que não correu como pensava, me retira da 1ª Liga portuguesa, onde nunca mais consegui voltar. Fica comigo sempre a dúvida de como seria se não tivesse feito essa escolha, porque tinha acabado de conquistar [em Penafiel, em 2014] esse patamar nesse momento. Destaco como momentos positivos, a subida à 1ª Liga pelo Famalicão [2018/2019], também o meu único golo na 1ª liga [curiosamente, o golo da vitória do Penafiel frente ao FC Arouca, a 7 de dezembro de 2014] e a estreia a titular na equipa senior do FC Arouca, ainda no “pelado” que era então o Campo Afonso Pinto Magalhães.»


Guardar as chuteiras foi uma decisão custosa?

«Passados todos estes anos como jogador, aos 37 anos de idade decidi terminar a carreira, por opção própria. Tive ainda oportunidade de continuar a jogar na 2ª Liga ou até de aceitar convites de alguns clubes para integrar outras funções. Mas decidi afastar-me por completo do futebol, dedicar me mais à família e a tudo aquilo que abdiquei durante muitos anos. Foi uma decisão difícil, mas tomada em consciência que seria o melhor para mim e principalmente para a minha família. O futebol teve uma importância muito grande na minha vida e não sei se um dia vou voltar, mas precisava deste momento, desligar-me um pouco e viver outras experiências.»


Despediu-se na última jornada da 2ª Liga, num Nacional-Académico de Viseu e optou por não jogar na última época. Sente ainda falta do “cheiro do balneário”?

«É verdade que sinto saudades da rotina, do “cheiro do balneário”, mas também sei que a carreira de jogador é curta e que este dia ia acabar por chegar mais ano menos ano. Acho que foi o momento certo para mim, sinto-me tranquilo pela decisão que tomei e só me resta agradecer ao futebol e a todas as pessoas que estiveram do meu lado, por todos estes anos que marcam muito provavelmente a melhor fase da minha vida.»


Que percepção tem hoje do futebol português?

«O futebol actual é muito diferente daquele que conheci quando comecei a jogar. Neste momento é uma indústria que tem cada vez maior impacto económico e social, tem evoluído muito ao longo dos anos, com clubes mais estáveis e sustentáveis, há maior visibilidade e melhores condições para se trabalhar o que de melhor temos, o talento. Há muito talento em Portugal e sente-se esse reconhecimento a nível mundial.»


Até onde pode ir a Selecção de Portugal no Euro 2024?

«Depois do feito de 2016 e de uma fase de qualificação para o ‘Europeu’ perfeita, a fasquia está alta. Temos uma Selecção de grande valor individual e acredito capaz de vencer o ‘Europeu’ e de voltar a fazer história.» MMS/RV

Apresentação pelo FCA em 2005 (Capela em baixo na foto)

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