MATOS RODRIGUES
 
Paisagem de inverno...
 
OPINIÃO | Estaremos perante uma Arouca “vitrine”?
 
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Ao longo destas últimas décadas a Vila de Arouca transformou-se numa marca turística cool, com destaque para a exaltação colectiva de uma Arouca fashion e hollywodesca. A promoção turística assente nos nichos do turismo de montanha, das águas bravas do Paiva, das aldeias mágicas, das pedras parideiras, da gastronomia e doçaria de grande qualidade. A vida política local resume-se a meia dúzia de
grandes aparições públicas com a entrega de troféus que consagram a marca turística, em ambientes luxuosos e de grande pompa, com consequências negativas para a promoção de um desenvolvimento local sustentado.
Arouca começa a fazer parte dos circuitos turísticos globalizados. Aparece referenciada nas revistas da propaganda e promoção turística, abre telejornais, circula nas redes com milhares de "likes", as "selfies" fazem de Arouca uma celebridade, uma estrela de Hollywood. A palavra "Arouca" navega rápida pelas redes, pelos circuitos do chamado capitalismo cultural internacional e integra-se no mapa turístico globalizado.
O facto de estarmos a viver uma nova fase de estetização do mundo essencialmente dominada pela lógica da comercialização e do individualismo extremo, em sintonia com o capitalismo artístico que nos conduz para a multiplicação de estilos, de tendências, de espetáculos e de lugares espetaculares. O aparecimento de novas modas cuja essência nos remete para a importância do sonho, da imagem e das emoções, nada escapa às redes da imagem e do entretenimento, cujas consequências são a perda de noção dos problemas locais e de repensar o futuro das comunidades.
Estamos absolutamente dominados por um ideal estético triunfante em torno de uma vida plena de prazeres, de sensações novas, de eficácia e de previsibilidade; mas também podemos afirmar que nestas sociedades hipermodernas o mundo é cada vez menos virtuoso, menos justo e até menos feliz. Um mundo que produz e promove cada vez mais o mau gosto, a banalidade, os estereótipos reflexos de uma estética de consumo e de diversão tipo disneylândia.
Esta hiper-realidade está bem expressa na liturgia das "selfies" enquanto cerimónia festiva, glorificação da autenticidade manipulada. Remetendo-nos para uma identidade fabricada e manipulada do património local, determinada pela imposição da ideologia do mercado turístico. O Homem globalizado não quer saber da história como processo ou mandato, pelo contrário, procura a sua glorificação e exaltação como um fim em si mesmo -, uma certa des-historização da experiência que nos remete para as constatações acerca do caráter pós-histórico da existência actual.
Estaremos perante uma Arouca "vitrine"? Uma espécie de parque temático com uma comunidade viva lá dentro, que interage com os turistas nómadas. Um parque temático cujo fim é a exaltação dos prazeres lúdicos, sensitivos, emocionais numa sociedade distópica e globalizada. A vinda destes turistas para um território histórico e antropologicamente denso, vivo e relacional que problemas nos podem colocar
em termos de organização e programação política e económica da vida real? Será aceitável uma governança local transformar Arouca e os arouquenses numa vitrina ou estação turística globalizada para turista apreciar e consumir?
 
Arouca

Terça, 30 de Maio de 2023

Serviço temporariamente indisponível!

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A Frase...

"Neste ambiente associativo todos são precisos"

Diogo Teixeira, presidente do Centro Desportivo e Recreativo de São Pedro de Nabais, em entrevista ao RV

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