ANDRÉ VILAR
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Rejuvenescer as instituições de Arouca
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OPINIÃO | Saberão aquilo que a juventude precisa, ambiciona e reclama?
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Dar aos jovens a oportunidade de terem uma palavra a dizer sobre o seu futuro é mais do que uma necessidade, um dever que a sociedade tem. Continuamos a achar, talvez por força do cliché, que "os jovens são o futuro", atirando para a frente o papel e a responsabilidade da juventude na sociedade que integram. Mas assumamos, então, esta máxima, levantando uma questão: Se o futuro pertence aos jovens, não deveriam estes ter uma palavra a dizer? Estamos perante uma geração que defende, verdadeiramente, os valores da democracia. Os jovens de hoje estão atentos e por isso são (e estão) mais exigentes. O igual acesso a oportunidades de trabalho, de habitação e de cultura e os problemas relacionados com a sustentabilidade ambiental estão presentes sempre que a juventude se junta para debater. Em Arouca, o órgão deliberativo do concelho tem, neste momento, uma média de idades que ronda os 51 anos. O deputado mais novo tem 31 anos e o mais velho, 81, ambos da bancada do Partido Socialista. Embora a média de idades dos dois partidos com maior representatividade seja 51 anos, o Partido Socialista tem, na sua bancada, quatro jovens (até 35 anos), enquanto que o elemento mais novo da bancada social democrata já tem mais de 35 anos. O único deputado centrista tem 43 anos de idade. Sabemos que as exigências feitas hoje aos jovens são diferentes daquelas que eram feitas há 30 anos, quando a maioria destes deputados municipais viviam a plenitude da juventude. Sem lhes tirar o mérito e a experiência (tendo em conta que muitos são quase "deputados profissionais", com mais de 20 anos de parlamentarismo), saberão estes 21 aquilo que a juventude de Arouca precisa, ambiciona e reclama? Para decidir sobre Arouca, é preciso conhecer, ter uma visão abrangente, dos 0 aos 100. Mas mais do que isso, é preciso viver (em) Arouca. Só assim é possível fazer política sem se deixar manipular pela "arte de governar" das redes sociais, que sabemos ser um campo minado de politiquice, de jogos baixos e de ataques perenes à integridade e honradez de quem nos governa. Longe vai o tempo (espera-se) em que Arouca se rendia à escolha de candidatos pelas relações, prestígio e influências familiares de outrora. Aos três partidos políticos com assento na Assembleia Municipal lança-se, para o ano de 2021, o desafio de se rejuvenescerem. Mais do que experiência, este órgão precisa de "sangue novo", de força anímica e de novas ideias. Só assim, em total simbiose entre o passado (que devemos ter na memória), o presente e (a pensar) o futuro, conseguimos trabalhar na construção de uma sociedade mais justa e coesa. Numa sociedade que todos almejamos para Arouca. A juventude não é desinteressada, desinformada e irresponsável. A juventude é exatamente o oposto e, em Arouca, sente-se a juventude a fervilhar, com jovens capazes, trabalhadores e com vontade de mudar o mundo. Utópico? Talvez, mas juntos só não fazemos aquilo que não quisermos.
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