SOCIEDADE
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Conflito militar na Ucrânia «é uma guerra entre o bem e o mal»
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Maria Raquel Freire, catedrática de relações internacionais, e a moderadora Daniela Nascimento, também docente de relações internacionais
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Maryna Trepova, ucraniana a viver em Arouca, participou em conferência organizado pelo 'Círculo Cultura e Democracia'
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O conflito militar em curso na Ucrânia «é uma guerra existencial entre o bem e o mal», sublinhou Maryna Trepova, CEO de uma empresa de Kiev a viver em Arouca, na mais recente das "Conferências de Arouca", realizada, na noite de sábado, na Loja de Turismo de Arouca, pelo "Círculo Cultura e Democracia". «Ele não vai deixar ninguém em paz», avisou a cidadã do país invadido, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin. Definiu-o como «um terrorista que só percebe a força da força». Maryna Trepova, que reforçou o pedido de ajuda «ao mundo civilizado», avisou que este choque «entre a democracia ucraniana e o autoritarismo russo» irá decidir «o que vai reinar no mundo». Também deu conta da resiliência do povo ucraniano, que resiste à invasão não apenas de amas na mão, mas também fazendo por manter estruturas como as de ensino, mesmo que - como mostrou - haja que improvisar uma sala de aula em estação do metropolitano. Esperançosa face à recuperação de cidades e território no Leste e Sul da Ucrânia, acentuou que os seus compatriotas querem o fim da guerra, com nota de que, porém, «não farão concessões em nome de uma paz abstracta», pois pretendem uma paz perene, «em nome do bem. «A Rússia bombardeia escolas, bibliotecas e hospitais para exterminar o nosso futuro, mas vamos reconstruir tudo», sentenciou Trepova. Professora catedrática de relações internacionais na Universidade de Coimbra, e especialista em União Europeia, Rússia e espaço pós-soviético, Maria Raquel Freire traçou um quadro da evolução da política externa russa, que passou da defesa, na década de 90 do século passado, de um multilateralismo sob égide da ONU para uma afirmação nacionalista do seu desejo de ser reconhecida como grande potência, com direito de intervenção e de condicionamento nos países da antiga União Soviética. A especialista salientou que fazer recuar a NATO tornou-se desígnio maior de Putin, que fez da defesa das populações, no exterior próximo, que se sentem russas um valor conveniente para as suas ambições geoestratégicas. Recordou que o conflito na Ucrânia começou em 2008, com a anexação russa da Crimeia e com a guerra no Donbass. Maria Raquel Freire considerou que, com a invasão do país vizinho, o presidente russo apenas conseguiu reforçar a coesão da União Europeia e, principalmente, da NATO, que se prepara para acolher a Suécia e a Finlândia, ao mesmo tempo que «descredibilizou» a sua política externa. Quanto a promessas de paz, a catedrática constatou que a Rússia não demonstra vontade de avançar para negociações, nem se perspectiva de que dê «garantias» de que cumprirá um eventual acordo que apontasse para o respeito da independência e da integridade territorial da Ucrânia. Constituído em 2016, o "Círculo Cultura e Democracia" de Arouca é constituído por «pessoas que se encontraram para pensar o mundo, a sociedade em que se vive e formas de encarar os desafios actuais». AOS/RV 2022-09-11
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