POLÍTICA LOCAL
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Água: Há cinco anos Artur Neves explicava o processo de 'privatização'
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Director do RODA VIVA entrevistou o autarca em Fevereiro de 2016
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Entrevista ao RV em 2016 continha duas perguntas sobre o tema que agora se tornou polémico
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A 18 de Fevereiro de 2016 - completa esta semana cinco anos - Artur Neves dava a sua última grande entrevista enquanto presidente da Câmara Municipal de Arouca ao RODA VIVA. Nessa longa conversa de balanço dos três mandatos à frente dos destinos da autarquia, o jornal confrontou o então autarca sobre o tema da "privatização" da água no concelho, que acabava de ser implementada, nomeadamente o seu preço e serviço, e questionou-o se não receava que essa aposta da autarquia não poderia vir a ter custos eleitorais nas eleições autárquicas do ano seguinte. O PS viria a ganhar com maioria absoluta as eleições autárquicas de 2017, liderado por Margarida Belém (antiga número dois de Neves) e Artur Neves liderou a lista socialista à Assembleia Municipal, que veio a presidir. Agora que a escalada do preço da água não pára de aumentar, importa relembrar os contornos do acordo formalizado entre a Câmara de Arouca e as Águas do Norte [na altura Águas do Noroeste], e este é mais um contributo para o esclarecimento deste contestado processo. JCS 2021-02-15
EXTRACTO DA ENTREVISTA A nova gestão da água não pode vir a fazer mossa eleitoral à maioria socialista? Penso que não! Hoje é mais que sabido que há regras e legislação que obrigam as entidades gestoras de água e saneamento a terem a sustentabilidade na gestão desses sistemas. Ou seja, a receita tem que cobrir a despesa, é obrigatório por lei. A entidade reguladora tem hoje poderes absolutos sobre esta matéria e as entidades gestoras que não apresentarem um estudo de viabilidade económica financeira viável são chamadas a ajustar as tarifas. O município de Arouca tem um sistema altamente deficitário desde há vários anos e não tínhamos alternativa senão incorporar a gestão do nosso sistema num sistema multimunicipal com uma escala maior, com cerca de 70 mil clientes, e dessa maneira fazer com que a tarifa não atingisse valores incomportáveis para a população de Arouca. Se ficasse o sistema gerido pelo município de Arouca, a tarifa teria que subir muito mais do que aquilo que subiu estando Arouca integrada neste sistema multimunicipal. Penso que toda a gente entende isto! Para além de não termos um sistema económico-financeiro viável, era-nos vedada a possibilidade de irmos buscar financiamento comunitário para os investimentos que ainda temos que realizar no concelho e que são cerca de 20 milhões de euros. Neste momento, a empresa Águas do Norte está a preparar a candidatura ao novo quadro comunitário para concluir prioridades absolutas para o nosso território e que jamais o município com o seu orçamento conseguiria fazer aqueles investimentos. As contas do município estão hoje, estruturalmente, muito mais sólidas do que estavam antes de passarmos para o sistema multimunicipal. Nós defendemos os munícipes. Mas o funcionamento do nosso serviço multimunicipal tem deixado muito a desejar... De facto, a empresa começou mal em Arouca. E começou mal, desde logo, porque os sistemas informáticos acabaram por dar confusão, e durante três meses alguns clientes não receberam qualquer factura e agora começaram a recebê-las com valores altíssimos. As pessoas não estavam habituadas e houve aqui um choque. Estamos a trabalhar com a empresa Águas do Noroeste no sentido de acabar rapidamente com esses problemas e a promessa que temos é que a partir de Março as factura passarão a ser enviadas mensalmente e passarão a ter uma leitura clara para os cidadãos. Também julgo que é inegável a melhoria do serviço que se está a verificar no terreno, pois há outras condições de gestão destes sistemas. Os arouquenses vão a pouco e pouco certificar-se que era esta a única e melhor situação para o município de Arouca e para as suas gentes.
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