SOCIEDADE
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“Ninguém faz um rali com um carro de 400.000 km”
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Ortopedista José Carlos Noronha na tertúlica médico-desportiva organizada pelo Rotary de Arouca
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José Carlos Noronha enalteceu a prática desportiva responsável e ajustada às características de quem o pratica, alertando para os malefícios dos excessos, numa tertúlia organizada pelo Rotary Club de Arouca que encheu o auditório da Loja Interactiva de Turismo de Arouca, na sexta-feira, dia 9 de Fevereiro. "Ponto assente: o desporto é benéfico. Nos últimos anos tem-se verificado um incentivo à prática desportiva, mas os excessos podem ser nefastos", começou por dizer o ortopedista, director da Unidade de Saúde e Performance da selecção portuguesa de futebol, apelando à "prática desportiva com cabeça". O médico explicou que "o exercício liberta endorfina que gera bem-estar e satisfação, gerando vontade de continuar a fazer exercício" e que "as crianças que praticam desporto têm uma rentabilidade superior nos estudos", recomendando que a prática desportiva esteja presente desde tenra idade. José Carlos Noronha defendeu que a actividade física deve existir em todas as idades, no entanto deve ser ajustada - a actividade e o esforço que se empreende nela - à idade e características de cada um, para não cair em excessos. Para que não houvesse dúvidas na assistência que encheu o auditório da Loja Interactiva de Turismo, recorreu a uma metáfora automobilística: "ninguém faz um rali com um carro de 400.000 km". Para além da adaptação do esforço à idade do praticante de deporto, há ainda que ter em consideração os seus hábitos desportivos. "Quando se começa a fazer exercício aos 40 ou 50 anos, sem que o músculo ou a matéria óssea esteja preparada para o esforço há mais propensão a lesões, problemas ou até a morte súbita", alertou. Habituado ao futebol - "um desporto muito agressivo" - José Carlos Noronha falou ainda da sua área de especialidade, o ligamento cruzado. "As mulheres são umas vítimas. Têm cinco vezes mais probabilidades de contrair a lesão, principalmente na prática do andebol", afirmou. Esta lesão, uma vez contraída, requer mais atenção por parte dos atletas que têm até 18 anos. "Quando se recomeça a jogar na casa dos seis meses a um ano e têm recaída, é pior nos casos em que se tem 18 anos ou menos. Na alta competição é difícil segurá-los. Têm a pressão do empresário, do colega que lhes vai roubar o lugar, o contrato para assinar... O ideal para recuperar são dois anos, mas é impossível na alta competição. Antes dos 8 a 9 meses não recomendo o regresso à competição". Esta tertúlia, à semelhança das anteriores promovidas pelos rotários locais, pretende esclarecer a população sobre uma temática tão importante como é a saúde, respeitando o lema do Rotary de servir a comunidade, como lembrou José Eduardo Silvestre, presidente do Rotary Club de Arouca, agradecendo a disponibilidade de José Carlos Noronha, mostrada "desde o primeiro contacto". A pertinência do tema e a relevância do orador foi elogiado pela presidente da Câmara Municipal, Margarida Belém, satisfeita pela ampla participação da plateia no período de interacção com José Carlos Noronha. A noite terminou com a actuação da tuna feminina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, antes de todos os presentes rumarem a casa para o merecido descanso. Até porque, como bem lembrou o palestrante, "uma noite mal dormida é meio caminho andado para uma lesão". 2018-02-10
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